início bocadomangue Mario Moscatelli

GENOCÍDIO AMBIENTAL COSTEIRO ANUNCIADO



Estando a pouco menos de sessenta dias da RIO+20, onde especialistas, chefes de estado e setores dos mais diversos da sociedade em diferentes fóruns vão discutir diversos assuntos, dentre os quais ressaltam-se um modelo econômico mundial ambientalmente mais sustentável, proteção à biodiversidade, alterações climáticas, erradicação da pobreza dentre tantos outros assuntos associados, vivemos mais um momento decisivo para a biodiversidade de toda a zona costeira do Atlântico Sul. Vivemos o mais claro GENOCÍDIO AMBIENTAL COSTEIRO ANUNCIADO, desde que em 1965 o ecossistema mangue, foi considerado legalmente como área de preservação permanente..

Mesmo integralmente protegido, extensas áreas de manguezal desapareceram no litoral da Baía de Ilha Grande nos anos setenta, oitenta e noventa sob os atônitos e omissos órgãos ambientais em detrimento do crescimento desordenado, implantação de marinas e loteamentos.

No resto do litoral brasileiro, expansão de área portuária, parques industriais, atividade turística, crescimento urbano desordenado, lixões, instalação de salinas e mais recentemente a indústria da monocultura voltada para a carcinocultura completam o quadro de principais protagonistas da devastação de tão importante ecossistema.

Mas afinal qual o motivo que torna essas florestas banhadas por água salgada tão importantes?

1-Admite-se que 90% dos peixes marinhos consumidos pelo homem são provenientes de zonas costeiras e, destes, cerca de 2/3 dependem direta ou indiretamente dos estuários e mangues;

2-90% do pescado capturado no Golfo do México, rende US$ 700 milhões/ano, consistindo de espécies que são dependentes dos manguezais e demais áreas costeiras inundadas da região em algum estágio de seu ciclo vital;

3-94% do camarão capturado no Golfo do Panamá é dependente dos estuários e manguezais da região;

4-Em Estero Real, Nicarágua, a produção anual de camarão depende de 20.000 ha de manguezais, rendendo US$ 34 milhões;

5- Relata-se um decréscimo de 20% na atividade pesqueira comercial ao longo da costa do Golfo da Flórida , após dois picos de captura em 1960 e 1965, sendo que neste mesmo período, 40% dos manguezais da baía de Tampa fora perdido em virtude da expansão de aterros com fins comerciais e residênciais.

6-Dados demonstram também a queda em 50% na captura de camarão em El Salvador desde 1964, além de outros declínios observados em populações de répteis, pássaros e mamíferos associados com a perda de 50% dos manguezais situados no país.
Diante destes dados, pode-se ter uma idéia aproximada dos extensos danos que a destruição deste ecossistema pode ocasionar não apenas à biodiversidade das zonas costeiras como das oceânicas próximas, além dos prejuízos econômicos e conseqüências sociais para as populações diretamente dependentes destes recursos e das atividades afins.

Não só as atividades claramente relacionadas com os manguezais são diretamente afetadas. Áreas como o turismo vêm sendo duramente prejudicadas pela derrubada e aterro destes ecossistemas, ocasionando uma reação quase que generalizada por parte de algumas nações, que têm suas economias apoiadas na atividade turística. A conseqüência tem sido a necessidade de recuperação e até mesmo o plantio de novas áreas.

Gilberto Cintron afirma que: "... o turismo e a recreação figuram entre os mais valiosos "produtos" dos países do Caribe, principalmente para as economias insulares. Este "produto" depende de um ambiente atrativo e saudável. Manejar os manguezais é a melhor estratégia para conservar futuras oportunidades de desenvolvimento e melhorar a auto-suficiência das economias nacionais... Por exemplo, na região do Caribe, a extraordinária paisagem composta pelas transparentes águas azul marinho, turquesa e esmeralda, dependem dos manguezais, os arrecifes de coral, e as praias arenosas, que contribuem à fomentar as economias locais, atraindo milhões de turistas anualmente". Fica claro que a crescente preocupação para com os manguezais não se baseia apenas em avaliações ecológicas mas principalmente econômicas, que se refletem nas vultuosas somas obtidas em diversos países que procuram a utilização racional de seus recursos naturais.

mangue pesca
Foto: ilha de Itaparica/Bahia. (Canto Ecológico)

mangue destruído

Apesar de todas essas evidências econômicas e científicas que deixam clara a importância dos manguezais, o lobby da indústria da monocultura camaroneira conseguiu obter grande apoio no congresso nacional brasileiro e daí surgiu a alteração existente no novo código florestal de permitir a supressão de 10 à 35% das áreas de mangue do litoral brasileiro. Ou seja, praticamente doamos para a iniciativa privada, florestas públicas, biologicamente, altamente produtivas, em troca da monocultura do camarão, onde os lucros irão para o bolso de poucos em detrimento do prejuízo ambiental e econômico de toda a região costeira brasileira.

Diante desse contexto onde poderemos perder aproximadamente mais de 360.000 hectares – TREZENTOS E SESSENTA MIL CAMPOS DE FUTEBOL de mangues brasileiros além dos danos causados aos que sobrarem pela contaminação proveniente da drenagem das piscinas camaroneiras, é que solicito à todas as cidadãs e cidadãos brasileiros que tem um mínimo de compromisso com o futuro de nossa biodiversidade, que encaminhe para o email da presidenta Dilma Roussef, o pedido para que ela vete a mudança no novo código florestal a respeito dos manguezais. Apenas ela tem esse poder!

A hora é essa, visto que se a maioria dos legisladores, infelizmente se coaduna com a visão míope e ultrapassada de ganhos imediatos em detrimento do que restou de nossa outrora exuberante biodiversidade, nós precisamos agir e RÁPIDO.
Não se lamente, AJA IMEDIATAMENTE PEDINDO A PRESIDENTA O VETO PRESIDENCIAL À LIBERAÇÃO DAS ÁREAS DE MANGUE PARA A CARCINOCULTURA!

Não deixemos que nossas florestas litorâneas desapareçam e com elas nossa qualidade vida!
ACESSE O SITE E ENVIE A MENSAGEM PARA A NOSSA CHEFE DE ESTADO ENQUANTO HÁ TEMPO
https://sistema.planalto.gov.br/falepr2/index.php?IND_IDIOMA=I

Mario Moscatelli - Biólogo - MSc. em Ecologia

Compartilhe   . . .

artigo anterior
confira os arquivos

 

política de privacidade | meio ambiente | ongs | universidades | página inicial

A opinião dos colunistas é de inteira responsabilidade dos mesmos

Todos os direitos reservados 2012 © Biologo.com.br