MANGUEZAIS – DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS
Dizer quais as funções ambientais, econômicas e sociais dos manguezais, me desculpem, mas eu não vou repetir pela enésima vez as mesmas coisas. Estou já de saco cheio! Se tiverem curiosidade pesquisem no GOOGLE, mangrove, manglares, manguezal e lá vocês irão encontrar tudo e algo mais sobre esse fascinante ecossistema, sua resiliência, sua fauna e flora, enfim tudo que sua curiosidade quiser buscar.
Na outra ponta dos manguezais devastados, cobertos por lixo, esgoto, contaminados por metais pesados ficam os “ambientalistas de escritório”, engomados, “burrocratizados”, sempre prontos com piadinhas de momento e ligados na realidade legal, principalmente quando aplicada em potenciais desafetos ou classes sociais desprezadas ideologicamente. Engraçado que normalmente quando há audiências públicas os “ambientalistas de auditório”, outra espécie também muito difundida por essas paragens, munidos de frases de efeito e preocupações ecológicas com as amendoeiras, estão sempre lá para marcar ponto na defesa de um tal meio ambiente virtual, visto que NUNCA vejo os mesmos por onde ando e navego. O recente ataque de lagartas, de magnitude jamais vista na região da baía de Guanabara, observado nos manguezais de Duque de Caxias, onde quase nenhuma árvore de Avicennia schaueriana (mangue negro) ficou com folha, mostra bem o poder das forças da Natureza, independente do tamanho, o estrago impetrado pode ser avassalador. Mas pior do que as lagartas, sua voracidade e o estrago que elas produziram nos manguezais é a lenta agonia de minhas esperanças de ver de fato o processo de degradação dos manguezais ser pelo menos paralisado. Não queria nem ganhar. Me bastava empatar. O que não consigo mais é ver meu time perdendo de goleada com o juiz olhando para a arquibancada! Minha expectativa no estado do Rio de Janeiro reside EXCLUSIVAMENTE na pessoa do secretário de ambiente de estado, colega de várias ações, desde 1989 em defesa dos manguezais de nossa costa. Fora esse, a União e os municípios aparentam estar, completamente alheios, em estado catatônico, abestalhado ao que acontece com os ecossistemas costeiros e as conseqüências de sua degradação. Diria até que em face das denúncias públicas, os responsáveis que sentam nas cadeiras de decisão e são pagos com dinheiro público, poderiam se explicar porque NADA FAZEM diante da degradação mais do que denunciada. Nos manguezais tenho a oportunidade de ver o caleidoscópio grotesco do Brasil, onde por uma lado tem lei para tudo, e por outro deixa-se tudo correr solto. Se em alguns casos implementa-se a lei com toda sua magnitude, dependendo dos interesses envolvidos, em outros, esquece-se a vergonha da cara trancada em alguma gaveta. Enfim e assim só resta minha revolta de ver essa casa da Mãe Joana se institucionalizar, até quando eu não sei. Pobres manguezais..... |
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Mario Moscatelli - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br |