.Planeta Oceano Agenor Cunha da Silva

Artigo de fevereiro

Ao voltar a elaborar esta comunicação para o "Jornal do Biólogo", como Geocientista e como Professor começo a me questionar se a validade destes artigos se restringe apenas aos meus alunos ou se realmente pode ter uma abrangência maior. Ao vir abordando aspectos diretamente ligados aos problemas ambientais, tenho tido a preocupação de procurar apontar possíveis soluções.

Na sala de aula preocupo-me não apenas com a aprendizagem daquilo que o Programa me obriga a ensinar. Sempre me gratifica quando pelas avaliações consigo constatar que grande parte dos alunos, após o semestre, passa a ter outra perspectiva das ações que devem ser adotadas para os problemas ambientais. O conhecimento certamente pode abrir inúmeras oportunidades.

Avaliar as características do ambiente marinho costeiro, como parte do desenvolvimento de Projetos, tem sido tarefa comum na formação dos alunos da Universidade Santa Úrsula. Neste sentido, ao solicitar a elaboração de Projetos dentro de uma ótica sistêmica procuro definir, através da aplicação de conceitos básicos da Geomorfologia Costeira, as principais fases ou condições que devem ser atendidas.

É importante e necessário que ao sair da Universidade, os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula, sejam suficientes para o mercado de trabalho.

No meu entender, devemos nos preocupar e orientar os alunos para as ações que profissionalmente eles irão adotar no futuro. Isto quer dizer que não posso me ater apenas à pura informação. Até porque os meios de comunicação atualmente são capazes de suprir esta lacuna, ainda que algumas vezes o façam de forma não muito recomendável.

Ser capaz de desenvolver um trabalho na área Costeira associando aspectos ambientais da Geologia, Oceanografia e da Meteorologia, certamente representa a possibilidade de se fazer aprovar um Projeto dentro de certos padrões que atualmente são impostos pela maioria das Agencias de Financiamento.


RIMAS ou EIAS efetivamente não podem se constituir em "pedras no sapato" de nenhum Biólogo. Atender às normas ISOSO 14000, não pode mais ser uma preocupação apenas daqueles que tentam evitar as agressões ambientais. Preservar e manter a "Qualidade" dos Ambientes não pode ser mais apenas uma intenção. Ressalta-se que o "cartão de visitas" de qualquer Projeto é e será representado pelos itens que sempre devem integrar estes trabalhos, principalmente quando desenvolvidos na área costeira. Nem os Continentes, nem os Oceanos podem continuar a sofrer ameaças representadas pelas constantes agressões que a presença do Homem vem causando. Neste sentido, muito maior preocupação deve suscitar a Zona Costeira. Em última análise, ela é o espelho ou a interface do ambiente terrestre com o marinho. A riqueza dos recursos naturais que nela existe por si só justificaria esta preocupação. Pesca ou mesmo recursos minerais, em muitos países são recursos potencialmente importantes no desenvolvimento das suas economias.

O Brasil com aproximadamente oito mil quilômetros de costa parece não se dar conta desta situação. Não temos uma cultura voltada para o mar nem a plena consciência da sua importância. A visão Geosistêmica, que venho tentando implantar nos cursos que ministro, certamente é essencial para o desenvolvimento de qualquer Projeto na Zona Costeira. É necessário que todos os que se formam em uma Universidade tenham capacidade de atentar para a grande importância e significado que os recursos marinhos e os mares possuem para as populações das zonas costeiras. Somente assim, se poderá garantir que os Programas voltados, para o gerenciamento eficiente e eficaz da Zona Costeira, possam ser aplicados corretamente.

As ações de cunho político somente passarão a ter efeito quando suas ações estiverem alicerçadas em costumes que colocam em evidencia políticas preservacionistas adquiridas com educação desde os primeiros anos de estudos até ao grau universitário.

MSC. Agenor Cunha da Silva - agenor@biologo.com.br
USU/ICBA - RJ

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