bocadomangue Mario Moscatelli

Tá dominado, tá tudo dominado...

Era previsível o desfecho da votação que reduziu vergonhosamente a alíquota dos royalties do petróleo para o FECAM. Essa tal previsibilidade é a mesma com a qual nos deparamos diariamente com a proliferação descontrolada de favelas, com o despejo de esgoto em nossos corpos hídricos, bem como com as inúmeras promessas e cronogramas descumpridos pelo poder público.

Não me traz nenhum sentimento de ódio, vingança, nada de ruim a não ser a clara certeza que com a maioria dessa gente que aí está no legislativo estadual, nós estamos FERRADOS!

A lógica patológica de boa parcela dos políticos é aquela que funciona diretamente associada ao seu PROJETO POLÍTICO, de quatro em quatro anos, pelo qual expressiva parcela de nossos legisladores venderia até a mãe! Claro que a mãe da qual estou falando é a minha, a sua e não a do devotado legislador, visto que a solução encontrada pelas auturidades para todo e qualquer problema leva em conta a nossa progenitora.

É fácil administrar no Brasil! Se existe um rombo no orçamento, aquele que a ex-governadora Benedita atribuía ao ex-governador Garotinho e que por sua vez a atual governadora Rosinha atribui à Benedita, primeiro em virtude dos tais acordos políticos, tudo passou, passou, panos quentes, sorrisos, beijos, muita foto e fica tudo esquecido. Depois você fussa daqui e fussa dali até encontrar algum fundo perdido, articula-se com esse e com aquele legislador, sabe-se lá o que, e aí vota-se alteração, cria-se imposto novo e tudo está resolvido até o próximo rombo. E de rombo em rombo quem fica arrombado é o meio ambiente e o tal do cidadão que nem direito de ir e vir o pobre coitado tem, dependendo de onde o infeliz mora.

O importante dessa história toda são as aberrações que aí estão e NINGUÉM FAZ NADA DE CONCRETO PARA RESOLVER. Explico: estive no programa Cidadania Urgente da rede Record, quando mantive um debate com os deputados Moreira Franco (PMDB) e Paulo Pinheiro (PT). Pois bem, conversa daqui e dali e surge o assunto FECAM.



Vocês sabiam que a grana do FECAM deveria por lei ser utilizado totalmente em projetos de meio ambiente e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos? Volto a explicar: NÃO é facultativa a auturidade máxima do estado aplicar ou não o dinheiro, É OBRIGADA POR LEI a aplicar, senão segundo os deputados a tal auturidade pode ser enquadrada dentro do que se caracteriza como IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. Deu para entender? O pior é que é pública e notória por meio de todos os meios de comunicação que é praticamente histórica a não aplicação da totalidade desses recursos pelas auturidades. E aí, cadê a fiscalização, cadê a aplicação da lei?

Enquanto as forças do rolo compressor festejam sua vitória, o nosso conhecido esgoto jorra, em todos aqueles lugares que vocês de tanto lerem estes artigos já sabem quais são. As promessas continuam jorrando junto com a falta de planejamento ambiental e para mostrar que não estou mentindo, hoje enquanto de um lado garfam a grana do FECAM, de outro as auturidades do estado informam que vão reiniciar a dragagem da Lagoa. Essa situação é como daquele pai safado que num dia espanca a família e no outro para calar a boca da vizinhança, da patroa e do filho dá de presente para os torturados uma caixinha de picolé. Observem que o tal pai não dá o picolé devido a sua consciência pesada ou arrependimento, isso ele não conhece, ele é doente, voltado para seus interesses. O presentinho é para mostrar para a vizinhança que ele mesmo sendo duro é bom "chefe de família".

Sabe o que vocês podem fazer com o tal picolé? Chupa bem, pois ele saiu bem caro para todos nós! Enquanto isso, os jogos Pan-americanos vêm chegando e um PLANO DE RECUPERAÇÃO AMBIENTAL articulado institucionalmente, com cronogramas claros, definindo quem faz o que, continua apenas sendo parte das aulas que eu começo a dar no meu curso.

Finalizando, eu acho interessante como essa gente que se diz religiosa, ligado diretamente com o "SENHOR", vivendo com a Sagrada Bíblia debaixo das axilas, indo periodicamente à missas e cultos, não se dá conta que por meio de suas ações e omissões, está destruindo a principal obra de nosso senhorio. Realmente esse negócio de misturar política partidária e religião fede a fundamentalismo.

A coisa vai mal e o populismo assistencialista avança..........

MARIO MOSCATELLI - Biólogo - moscatelli@biologo.com.br

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